terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Deixar ou não filhos dormirem com os pais?

Opção só é aceitável nos primeiros dias de vida, diz neuropediatra Simone Amorim - Do Bolsa de Bebê

Colocar o berço do bebê no mesmo quarto dos pais pode ser uma boa opção para os primeiros dias de vida, e é algo muito comum, mas é preciso saber a hora de estabelecer o espaço de cada um. “Nos primeiros dias o bebê acorda a intervalos curtos ou dorme em demasia e a mãe também está cansada do pós-parto e da amamentação, então neste período esta facilidade é benéfica a ambos”, explica a neuropediatra Simone Amorim. Já dormir na mesma cama que os pais, não é indicado. “Sempre indico que a partir dos primeiros meses os pais tentem deixar o bebe na própria cama ou berço. Com as facilidades proporcionadas pela tecnologia, hoje as babás eletrônicas tranquilizam bastante os pais no sentido de que, se acontecer algo, eles ouvirão”, diz.

Um dos principais receios que fazem com que os pais optem por terem o bebê por perto é o medo de asfixia. Para evitá-la a orientação da especialista é sempre colocar a criança para arrotar depois das mamadas e colocá-la para dormir de lado e com a cabeceira elevada. “Em termos neurológicos as mamães também podem ficar tranquilas, pois temos um sistema ao nível do tronco cerebral chamado formação reticular que tem como uma de suas inúmeras funções nos deixar alerta ao ouvir os sons do nosso bebê. É um instinto bem primitivo e fisiológico”, afirma.

Segundo ela, a criança precisa aprender desde cedo que cada um tem o seu local de descanso. Assistir TV no quarto dos pais, brincar e até mesmo adormecer na cama deles são atitudes aceitáveis, mas ao final das atividades ou logo que a criança pegue no sono, os pais devem colocá-la em sua própria cama, assim ela acordará no seu cantinho e, aos poucos, aprenderá que lá é o seu local de dormir.

“Quando as crianças são ensinadas desde cedo, isso é um processo natural. Mas para aquelas que já são maiores e ainda estão na cama dos pais, o segredo do sucesso é não fazer drama com a situação, como se fosse uma separação. Os pais devem conversar com a criança, explicando que a partir daquele momento ela terá o quarto dela, com seus objetos e brinquedos, e tratar o assunto de uma forma natural e corriqueira. As crianças ficam felizes e muitas vão experimentar um certo ar de independência”, diz.

Mas às vezes, a dificuldade de adaptação é mais dos pais do que da própria criança, pois ficam com dó, querem ficar mais perto, ou acham que assim protegem melhor seus pequenos. “As crianças tem uma capacidade de adaptação muito melhor de nós adultos, elas só precisam ser ensinadas e orientadas”, observa. Um conselho prático e bem importante da especialista é para que os pais se prepararem antes, trabalhem, resolvam esta questão eles próprios e só façam a transição quando o assunto estiver resolvido para eles (adultos). Desta forma todo o processo fluirá naturalmente e não correrão o risco e retroceder na decisão, o que seria muito ruim para a criança, pois ela perderia a referência sobre o certo/errado ou bom/ruim.

A idade considerada normal para que a criança consiga dormir sozinha varia muito, pois cada uma lida de um modo com suas experiências. Por isso, é importante que os pais desde cedo estabeleçam o espaço de cada um – o deles e o da criança – e criem um universo no qual a criança se sinta acolhida e entenda que o seu quarto é seguro.

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