segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Minhas férias - para refletir!!!


“Não, não estou de férias.

Estava aqui lembrando a época em que, logo no primeiro dia de aula, já nos obrigavam a escrever como havia sido nossas férias… Aí, quem não tinha feito nada de ultra-legal, se via obrigado a inventar qualquer viagem, nem que fosse um final de semana no interior, visitando os primos.

Aí fiquei pensando no hoje… O que eu escreveria em uma redação, sobre as minhas férias? Saiu assim…

“Minhas Férias (eu sempre sublinhava meus títulos)

Nessas férias eu vou viajar. Aprendi, que se fico em casa, então não é férias é trabalho em casa. As pessoas me acham.

Fiz a revisão do carro e, depois de uma fortuna com a manutenção que há anos não fazia, arrumei as malas e fui! Fui pra casa de praia alugada.

Puxa, demorou mas cheguei lá. Pena que decidi tirar minhas férias em época de temporada, sim porque, se fosse de outro jeito, teria conseguido fazer o trajeto em uma hora e meia, no máximo, e não as oito horas de engarrafamento… Fazer o quê? Férias é assim mesmo.

A casa é grande, mas meio deserta, diferente do que disse o corretor. Mas tudo bem, é até melhor pra poder ter mais paz e sossego. Pena que a rua de terra não é iluminada, o escuro total pode trazer animais selvagens, ladrões… Por via das dúvidas é melhor trancar as janelas quando escurecer e, quando dava seis horas da tarde, já estávamos todos dentro de casa, seguros e um pouco apertados, fora o calor. Mas o chuveiro de água salobra e gelada, aliviava bastante.

Demoramos a ver qualquer pessoa perto de nossa casa, nem na praia. Talvez as pessoas não gostassem muito do cheiro estranho, que vinha da água de um córrego que desembocava no mar, ou talvez dos caranguejos meio agressivos que vinham de um mangue próximo… Mas fora isso, a praia era só nossa! Uma delícia de tranqüilidade. Sentimos faltas dos sorveteiros também…

Infelizmente, nossa casa era um pouco distante de qualquer comércio local, tínhamos de ir de carro os sessenta e dois quilômetros, até uma vendinha. Era o único comércio mais perto, uma pena. No primeiro dia tentei caminhar até o centro mas, com o joelho inchado do trânsito na serra, só resisti caminhar uns trinta quilômetros da ida, fora a volta.

Por sorte, trouxemos bastante comida e a água salobra, ao contrário do que muitos dizem, depois de fervida e depois de um certo tempo de consumo, fica quase sem cheiro de mar. Pena que as crianças não estavam muito bem dispostas, talvez se não fosse o calor e a desinteria, tivessem curtido mais.

Fizemos muitas fogueiras também, não por frio (muito pelo contrário), mas pra amenizar o excesso de pernilongos e saruês selvagens que invadiam nosso quintal, minha avó adorou cozinhar siris no espeto…

Senti falta, falta mesmo, de ter notícias do mundo. Qualquer notícia. O rádio do carro não sintonizava nenhuma estação, a TV que o corretor comentou só transmitia em preto e branco, um canal evangélico. Incrível como as crianças aprendem rápido a letra das músicas… Sabiam todos os hinos! Cantavam o dia todo. Mas depois de ler o manual do carro duas vezes, percebi que não ter notícias do mundo era mesmo muito bom. Diante de tudo o que estamos atravessando, das infelicidades políticas, não ouvir ninguém comentando a última do Roberto Jéferson era bem confortante.

No quinto dia de férias as crianças quiseram voltar, acho que sentiam falta dos coleguinhas do condomínio, ou talvez não conseguissem dormir muito bem com a avó e seu problema de flatulência crônica, ou talvez estivessem muito assados por causa da desinteria que insistia em não acabar…

Acabei cedendo, uma vez que também eu estava incomodado com minhas assaduras, com a queimadura nos pés, depois de ter dormido debaixo do guarda-sol e com algumas picadas de abelha que levei, enquanto tirava a bola de futebol de cima do telhado. Além de ter conseguido, enfim, curtir merecidas férias de descanso e tranqüilidade com minha família.

Assim foram as minhas férias, longe da rotina exaustiva e estressante do cotidiano e da cidade grande, cinco dias de tranqüilidade.”

Deprimente perder a magia das férias de verão… Coisa chata virar gente grande.

(Fabio Yamato)

Nenhum comentário:

Postar um comentário